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Clusterização pode alavancar economia brasileira. Saiba como

Saiba por que o termo é sinônimo de prosperidade em locais como Vale do Silício, nos EUA, e em Stuttgart na Alemanha

Por Leon Santos

Palavra de origem inglesa e que foi aportuguesada, a clusterização é um dos fenômenos da administração que pode impulsionar de forma surpreendente a economia de um país. Não por acaso as nações mais ricas e inovadoras, tais como EUA, Alemanha, França e Suécia possuem clusters que são conhecidos em todo o mundo como regiões prósperas, mas muitos não entendem o motivo de terem adquirido tal status.

Segundo o administrador e doutor em engenharia de produção, Jorge Campos, no mundo empresarial, o cluster pode ser entendido como um conjunto de atividades coordenadas de diferentes empresas, em prol de cooperação que beneficie todas as instituições. Seu objetivo é promover a colaboração, compartilhar recursos e conhecimentos, bem como impulsionar a competitividade das empresas envolvidas, em relação às de outras regiões.

O polo industrial de Manaus-AM é um exemplo. Ele abriga diferentes segmentos, tais como o eletroeletrônico, informática e duas rodas (produtor de motocicletas), em que o trabalho integrado e colaborativo faculta a obtenção de informações e conhecimentos.

“Entre os benefícios desse modelo está a melhora de sinergias mútuas, materializada no acesso a recursos compartilhados, tais como instalações de pesquisas, laboratórios e equipamentos. E vai mais além, com programas de capacitação e financiamento, desenvolvimento de novas tecnologias (de gestão, de produtos e processos), levando à melhoria da competitividade”, explica Campos.

Vantagens

Clusters fortes e estabelecidos podem atrair investimentos, talentos e recursos adicionais para a região onde está instalado, o que impulsiona o crescimento econômico local. Os benefícios incluem, ainda, o desenvolvimento de micros e pequenas empresas, com transferências de tecnologias e financiamentos que, devido ao seu tamanho e estrutura organizacional, de outro modo poderiam não ter acesso.

De acordo com o também administrador, Hélio Meirim — mestre em gestão e profissional de logística —, a proximidade geográfica entre as empresas gera maior interação e naturalmente maior colaboração e cooperação entre elas, resultando em geração de inovação e novas tecnologias. Ele diz ser comum no entorno dos clusters haver reflexos de mudanças que ocorrem nas empresas participantes ou não da interação.

“Sem dúvida, gera oportunidades de melhorias em tudo, sobretudo, nos produtos, nos processos, no uso da tecnologia, na produtividade, nos modelos de gestão e na relação com fornecedores. Em um cluster, as empresas têm como objetivo maior operar de forma conjunta compartilhando mercados comuns, produtos, fornecedores, associações comerciais e instituições educacionais”, destaca Meirim.

Já o administrador e professor Jorge Campos, cujo pós-doutorado é focado na geração de novos clusters no Brasil, e em especial na região de Manaus, há três principais vantagens para as empresas com a clusterização de uma região. A primeira delas é a economia em escala que pode ser obtida com o crescimento da produção em relação a custos operacionais, sobretudo a logística.

A segunda vantagem é a economia intraindustrial, fruto do comércio, seja pela importação ou exportação simultânea de produtos iguais ou diferenciados. Como exemplo, na prática, as empresas poderiam unir esforços para comprar insumos como peças de outras regiões do planeta, o que tornaria mais barato o preço do transporte, bem como tornaria a região um polo comercial atrativo para empresas de outras localidades devido ao número de instituições clientes.

Já a terceira vantagem seria a economia interindustrial: quando existem ganhos oriundos da interação. A comercialização de produtos entre indústrias diferentes que são vizinhas seria um exemplo.

“Na realidade, o Brasil reúne as condições naturais necessárias para o seu desenvolvimento industrial e, por conseguinte, econômico e social. Todavia, sabe-se que aquele que possui tecnologia dá o norte da economia, e nesse particular o sistema educacional, como um dos exemplos que precisam de melhoria, é fundamental para a formação de capital intelectual necessário para o desenvolvimento nacional”, resume Campos. 

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Revista RBA – 155